terça-feira, 13 de abril de 2010

Um dia no Rio...


Um dia cheio de aventuras no Rio.. Rio de Janeiro? Não!!! Rio Pardo, no interior de Minas.. Lá na roça, em pleno cerradão – mistura entre cerrado e caatinga, tipo agreste mesmo, sertaozão... Foi um dia muito bom, uma canseira só, e essa luta toda foi para chegarmos a minha cidade natal no início da noite, afinal, o evento mais importante da história iria acontecer naquele dia, todos iriam conhecer os dois filhos do Chico... Entendam onde eu estava no finde e a uma das causas de não ter blogado... Vejam o resumo dos fatos:

A viagem já começou quente, na sexta, fui dormir na casa da minha sobrinha, Nicinha, aí cheguei lá a noite, passei o relatório da semana e principalmente a bomba de sexta... Eu nunca imaginaria aquilo... E veio realmente para confirmar o que eu já sabia, I´m the Best!!!! Não, não posso contar pra vocês, fiquem na curiosidade, mas que foi realmente uma bomba, foi... Aí ficamos até tarde conversando, e 4 horas da manha já estávamos de pé. Meu irmão, minha cunhada e a outra sobrinha passaram pra nos pegar, eram 5 horas... Dentro do carro, uma animação só, só minha e de Nicinha... Os outros só pescando o que a gente falava... E claro, riam no íntimo, aquele riso contido...

Enquanto a estrada era de asfalto, tava bom.. Mas quando começou a terra.. Puta merda... parecia que o mundo ia acabar.. E meu irmãozinho gosta de correr, parecia que tava num rally.. Aí olhava de um lado, mato, do outro, mato, de vez em quando alguma casa... Finalmente chegamos à fazenda do meu irmão, eram onze e meia.. E minha sobrinha, queria ir almoçar na casa de um outro tio dela, distante uns 7 kilometros dali... Ligamos, a tia dela tava lá.. Decidimos ir.

Pois bem, não tinha cavalo, nem moto, nem nada, foi o jeito ir a pé...Pegamos um pouco de água e pé na estrada... No começo era tudo festa, aí quando começamos a entrar no meio do mato, por um caminho estreito, com um monte de espinhos, carrapichos grudando na gente, a animação foi diminuindo.. Ai meu Deus..To fudido.. E caminhava, caminhava e nada... Ah, e detalhe, para não perder o sol, tirei a camisa, é que adoro pegar um bronze, e tinha que aproveitar o sol a pino, rachando...

Até que chegamos na casa de um conhecido, os donos da casa não estavam, continuamos... Aí chegamos num lugar onde tinha um monte de vacas bem do lado da estrada, e agora? E eu olhava pra elas, elas olhavam pra mim, como que dizendo “Vou te matar desgraçado”, deviam ser amigas ou parentes do touro Bandido... Oh meu Deus, tanto lugar pra morrer.. e logo ali, no sol quente, ninguém merece né, por aquelas vacas magras, sem brilho, sem graça nenhuma.. Aí, minha sobrinha, que já tinha morado naroça mandou eu seguir, e ela foi andando... Só podia estar doida né, oh mulher corajosa viu.. E as vacas ficavam olhando a gente, e eu cagando de medo... Aí achei que uma tava vindo pra cima da gente, peguei um pau que tava no chão, e comecei a olhar pra vaca e afastar pra trás, tava crente que tava protegendo a gente, coitado, eu tava era batendo com a outra ponta nas costas da minha sobrinha..., G-zuis, não sabia se ria ou se chorava...

Livres das vacas, prosseguimos, lá na frente encontramos um conhecido, um senhor que morava do lado da estrada, e eu doido pra que ele chamasse a gente pra almoçar, tava morrendo de fome, a água já tinha acabado também... Aí fui cumprimentá-lo, fazer amizade.. Quem sabe ele não tinha feito almoço né... Aí lembrei q eu realmente o conhecia, mas não lembrava o nome dele.. Como todo mundo na roça é amistoso, já cheguei cumprimentando.. “E aí moço, tudo bom, eu esqueci foi seu nome... qual que é mesmo...” Aí ele falou... “E eu, você tá lembrado de mim?” Aí ele ficou pensativo... Respondeu: “Eu lembro, mas não to lembrando seu nome... e ficou, ficou...” aí resolvi falar logo, “Sou Thiago, filho de Felicia!”. “Ah, é mesmo moço!!! Mas você cresceu muito!! E eu não conheci porque você era moreno, agora tá branco!!!!” Olhem o que ele havia respondido.. Pensei comigo mesmo, será que usei muito acido retinóico? Será queto branco mesmo? Branco, clarinho, ou muito branco? Como eu vi que não ia rolar almoço mesmo,resolvi prosseguir a viagem, dei tchau e fomos.

Vira e mexe pra quebrar o silencio eu pergunta pra Nicinha: “Eu to branco mesmo? Tá chegando?” Ai, não agüentava mais.. tava acabado, com fome, sede, pernas doendo, cheio de mosquitos me mordendo, mas prefiria ficar todo mordido mas bronzeado.... Ah, e o pior, minha sobrinha tava perdida.. Íamos seguindo a trilha... Quando tinha alguma encruzilhada ficava a dúvida, por onde seguir agora? Até que finalmente ela lembrou da estrada, aí entramos por um caminho que cruzava a estrada e fomos seguindo, aí eu já estava amarelo de fome.. Eu devia ter feito um curso de sobrevivência na selva, mas também ali não ia adiantar muito, porque quando tinha alguma coisa verde, era um cacto..

Que bom foi quando ela avistou a casa do seu tio, uma hora e meia depois da partida chegamos, e lá estava a tia dela, uma mulher de uns 40 anos, baixinha, morena, barriguda, cabelo meio ruim, com alguns dentes estragados, e muito, muito animada, chama-se Maria.. A enteada dela estava também. Disseram que a gente tinha demorado muito, que elas tinham almoçado na frente... Aí deram água, e enquanto fritavam bifes, ofereceram-nos pinga.. Minha sobrinha disse que era bom para abrir o apetite.. E lá fui eu, uma dose, duas, três... Uh... O apetite que já estava aberto fazia horas foi transformado numa cratera, e aí o bife nada de ficar pronto, e nós só falando besteiras e desce mais uma dose... Mas quando esse bife ficou pronto, comemos tanto, parecíamos que nunca tínhamos visto comida... E ríamos tanto, dela contando das loucuras delas e nós as nossas... Uma vez comidos fomos pra umas redes na sala, e eu doido pra dormir, mas as três ficavamme atrapalhando falando da vida dos outros, e eu não resistia, tinha que meter a língua também.. Quem seriam os alvos da fofoca? Mistériooooo, como diria minha amiga Dona Milú.

Até que enfim, elas foram lá pra fora e eu consegui dormir.. Acordei com as gralhas voltando pra sala e Nicinha querendo saber que horas íamos voltar... Estavamos no limite da hora pra voltar...Já adiantei que a pé não voltaria mesmo!!!! E ela pra pirraçar ficava chamando pra ir a pé... Meus pés ainda estavam latejando... Aí tentei ligar na fazenda, o celular não recebe ligação a cobrar.. E Maria doida não tinha colocado crédito no celular... Tive que ligar a cobrar pra minha mãe na cidade e pedir pra ela ligar na fazenda pra ligarem lá..

O telefone tocou, atendemos correndo, pedimos socorro, perguntamos se meu irmão poderia ir nos buscar... E a resposta foi: negativa.. Pensei, estamos fudidos... E minha sobrinha louca querendo ir a pé... Aí Maria falou, tem cerveja aqui, se vocês quiserem dormir aqui... Quase que eu topo... Aí ela lembrou, por que vocês não vão na mota? Mota? Que porra é essa? Aí descobrimos que era uma moto...kkkkkkk Vou chamar o Huck pra fazer um çoletranu com ela, kkkkkkk....Aí depois de rirmos bastante sobre o que era a mota, resolvemos encarar o desafio...

Era uma moto estradeira, meio velha e o mais importante ali no meio do nada, tinha gasolina... Já havia uns 3 anos que não andava de moto, e lá fomos nós.. Liguei a mota, não lembrava como passavam as marchas.. Mas é como andar de bicicleta, rapidinho lembrei, e lá vamos nós, nos primeiros 5 metros, a moto apagou, nem havia saído da casa de Maria doida.. Liguei novamente, minha sobrinha subiu na garupa e lá vamos nós... Oh vergonha, não sei nem como descrever essa parte, eu não sabia se estava mais com medo de cair ou de a moto apagar, um vexame só... Mas conseguimos seguir, nem despedimos de Maria doida, só batemos a mão e seguimos loucos pela estrada..

Um rally... E a estrada tinha muita areia, o que acaba por puxar a moto pros lados e se eu desequilibrasse??? Ficava imaginando o corpo todo ensangüentado, cheio de areia, quem iria salvar a gente? Alguns trechos eu conseguia pegar mais velocidade, mesmo que morrendo de medo de cair, mas em alguns a moto entrava na areia de uma forma tão louca que era difícil sair..Quando dava pra correr era engraçado porque dava medo de cair, de aparecer alguma areia e a moto desequilibrar, ou mesmo sair entrando pelo meio do mato, afinal a estrada era um tanto quanto estreita.. E apesar de estar de bota de montanhista, os galhos e folhas iam grudando na bota, rasgando a perna, foi uma loucura...

E o que dava mais raiva, minha sobrinha rolava de rir...E aquilo ia me deixando nervoso e puto, já não bastasse o medo das quedas.. Ah se eu pudesse faze-la cair sozinha.. Mas não tinha como, eu tava no comando.. Que raiva que eu ficava, eu me cagando e ela rolando de rir... E tinha horas que eu via a queda ali, na minha frente, o guidon tremendo, mas conseguia sair... Teve um trecho que estava muito arenoso, aí minha sobrinha desceu e eu levei sozinho a moto, depois a louca montava denovo e começava a tortura do cai não cai, até que finalmente chegamos na fazenda.. Eu era todo suor e poeira, mas o importante é que chegamos vivos e sem nenhuma queda!!!!

O resto é sem graça, tomamos um pouco de pinga para abrir o apetite novamente, lanchamos e fomos para a cidade, ver os meninos do Chico!!! Aguardem que essa segunda parte tá vindo..

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